Ginástica, canto e devoção [ainda que “solicitada”]. Essa tríade resume bem o clima que envolve uma das maiores performances artísticas massivas do mundo, o festival de Arirang, na Coréia do Norte.
São dois meses de apresentações, lotando com mais de 100 mil participantes, o Estádio 1º de Maio, na capital da país, Pyongyang. Isso sem contar os ensaios de uma vida inteira: convocados ainda crianças, os artistas que participam do Arirang passam a fazer parte da equipe por toda a vida, só deixam as linhas quando “aposentados”.
O show começou a ser realizado em 2002, para louvar os líderes eternos, como Kim Il Sung, da Coréia “de cima”. Um exemplo. Outra edição aconteceu em 2005 e desde 2007 o Arirang acontece anualmente.
O modelo de espetáculo em que o Arirang se acomoda é o de “mass games”, convencionado na antiga União Soviética e utilizado para mostrar às populações como as nações socialistas eram grandiosas. Como um dos poucos redutos dessa forma de poder ainda presentes no mundo, a Coréia do Norte mantém a pratica dos mass games enquanto tenta desviar a atenção para seus problemas estruturais.
Os jogos também são uma maneira de atrair dinheiro para o país: nas últimas edições, o território mais fechado e isolado do mundo tem convidado turistas do mundo inteiro para acompanhar as apresentações. E aí, você encararia?