A rica história do país do U2

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No terceiro dia aqui em Dublin, decidi visitar alguns lugares históricos. Antes que eu me esqueça, o nome da cidade, pelo o que sei veio da combinação de Dubbh Linn (Lago Escuro, em irlandês), referindo-se às águas escuras do rio Liffey.

Então, como vocês ja devem saber, esse pais é cheio de história! Toda essa relação com a Inglaterra vem se arrastando por séculos e a coisa parece que ainda não acabou. No passado a ilha foi, por séculos, o derradeiro recanto da cultura celta, sendo convertida ao cristianismo por St Patrick no século V. Chegou um tempo que os irlandeses se orgulhavam por serem conhecidos como um povo mais catolico do que os proprios romanos. Na época a ilha era dividida em várias tribos, o que facilitou o colonização inglesa. Desde então, os irlandeses passaram poucas e boas ate a conversão da Inglaterra ao protestantismo. Os Condes irlandeses achando que a separação de Roma seria uma heresia, resolveram rebelar-se. Líderes foram executados e como forma de retaliação a Inglaterra desencadeou uma série de ações que reduziram a Irlanda à pobreza crônica.

Revoluções seguiram sempre sendo severamente reprimidas, chegando ao ponto de as terras serem tomadas dos irlandeses e dadas a imigrantes escoceses e ingleses protestantes, colocando os nativos uma condição de servidão. Nesse período, o Reino Unido foi palco de um verdadeiro etnocídio quando os irlandeses foram proibidos de falar gaelico e usar os seus trajes típicos.

Não bastasse isso, veio a praga da batata em 1846. Um fungo maligno atingiu as plantações, os moradores desesperados passaram a escavar alucinadamente o solo em busca de uma raiz ou um ramo qualquer que lhes aplacasse a fome. Em pouco tempo os campos da Irlanda, um dos mais férteis da Europa, viram-se inutilmente revirados pelas pás e mãos de uma multidão enlouquecida pela fome.

Muitos fugiram da fome em navios-caixões para outros países do império (Austrália, Estados Unidos, Canadá, Nova Zelândia), sendo salvos pela imigração e não pela solidariedade. O país teve a sua população dramaticamente reduzida.

Um fato curioso revelou-se durante a Primeira Guerra Mundial, quando os irlandeses foram convocados para lutar ao lado dos ingleses. O verso de William Yeats, “Guerrear a quem não odiavam e proteger a quem não amavam”, diz tudo acerca desse acontecimento. Foi também nesse período que a Inglaterra viu o começo da queda do seu domínio sobre a ilha, após executar alguns revolucionários na Prisão de Kilmainhanna. Esse fato teve uma triste repercussão sobre todo o Reino.

Dois dos líderes dessa rebelião foram poupados, Michael Collins, o futuro fundador do IRA (Irish Republican Army), e Eamon De Valera, o emancipador , ministro e depois presidente da Irlanda. Libertados por uma anistia ao fim da Primeira Guerra Mundial, ambos trataram de provocar uma guerra sem quartel contra o domínio inglês.

Abalados pela Primeira Guerra Mundial e depois do Bloody Sunday, os ingleses resolveram firmar um complicado acordo com os irlandeses que viram a sua ilha dividida em dois países. Uma parte do norte (maioria protestante) ainda pertenceria ao Reino Unido. Esse acordo é até os dias de hoje um espinho na garganta dos republicanos irlandeses.

Os católicos que viviam na região ainda dominada pelo Reino Unido foram terrivelmente perseguidos pelos protestantes que temiam a integração ao resto da ilha, fato que os colocaria nas mãos de uma maioria católica vingativa. Esse conflito gerou muitas chacinas e fez renascer o IRA (catolicos) que entrou em guerra contra os Dead Squadrons, esquadrões da morte protestantes.

Foi um período assutador na história da Irlanda, sendo que todas as tentativas de paz feitas ate a ascenção de Tony Blair foram fracassadas. Dessa vez buscou-se o apoio popular num referendo onde 70% da população norte-irlandesa, católicos e protestantes, votou a favor da paz imediata.

Todas essas informações são passadas nos lugares históricos daqui de Dublin. Tudo isso que contei pra vocês, vi no dia de hoje no estádio (Croke Park) onde aconteceu o Bloody Sunday e na Prisão de Kilmainhanna, onde os líderes rebeldes (Michael Collins e Eamon De Valera) ficaram presos.

Comecei o dia visitando o estádio no Croke Park. Foi nesse estádio que em represália a morte de 14 oficiais ingleses os Blacks and Tans (agentes ingleses) entraram e atiraram sobre multidão, matando 12 e ferindo centenas de espectadores. Este episódio, ocorrido em 21 de novembro de 1920 ficou conhecido como Bloody Sunday, o domingo sangrento.

Orientando-me pelo mapa, cheguei num ponto onde não sabia para onde ir.Pelo mapa o estádio deveria estar na minha frente, mas eu só via casas! Foi aí que percebi um casal também com cara de perdido, resolvi pedir informação, sendo que eles também estavam procurando o estádio. Conseguimos chegar e aproveitei para coletar algumas informações históricas com eles, ja que eram irlandeses do norte. Pegamos um tour guiado, mas eu imaginava que o passeio só iria contar sobre o Bloody Sunday. Que nada! Fiquei completamente surpreso ao descobrir que os irlandes sao fanáticos por um esporte chamado futebol gaelico!

Nunca tinha ouvido falar que existia um esporte que era uma mistura de futebol com rugby. Os caras jogam futebol com os pes e podem dar 4 passos com a bola nas maos. O Croke Park, o quarto maior estádio da Europa, é a Sede do Futebol Gaélico, e o estádio incendeia-se num dia de desafio.

Eles ainda tem um outro tipo de esporte rápido, frenético e excitante, o hurling é o genero de desporto que o faz pensar, como ainda fica alguém de pé no fim do jogo. Os caras usam um taco com uma pá na ponta, fica parecendo com hóquei. Os irlandeses ainda tem o Camogie que é a versão feminina do hurling – embora as regras sejam ligeiramente diferentes.

Caramba nunca imaginei que exitissem tantos tipos diferentes de esporte pelo mundo, e pensar que estádios ficam lotados em dias de campeonato!

Depois fui à Prisão de Kilmainhanna, onde coletei muita informação histórica num tour guiado. Na verdade, tava difícil pra entender o inglês que o guia falava, sendo que o livrinho que recebemos ajudou bastante a entender a maior parte dos fatos. O lugar realmente é meio carregado, já que muitas execuções aconteceram no local e pode apostar que muitos já amaldioçaram o lugar!

Então, o dia só estava comecando, ainda resolvi ir até Bray, cidade que tem uma bela praia e fica aqui perto de Dublin. No caminho, seguindo conselhos que peguei nas comunidades do Orkut, desci em Killiney e fui conhecer a casa do Bono Vox do U2. Cheguei lá facinho, mas o lugar tava cheio de câmeras para todos os lados e me senti um favelado vendo aqueles carrões passando na rua. Eu tava segurando a minha câmera, o tripé, minha mochilinha e uma sacola de mercado com a janta dentro. Só tinha eu na rua e ainda por cima tirando foto na frente do portão, foi constrangedor, mas ri bastante depois.

Enfim, cheguei em Bray e andei pelas pedras, já que a praia nao tem areia. O vento tava muito gelado, mas eu ainda me sacrifiquei para tirar umas fotos e fazer uns videos por la. Ah é, esqueci de contar pra vocês que agora eu to famoso, até na MTV já apareci! hahahaha

Eu conto pra todo mundo aqui na viagem e eles ficam estarrecidos! Você na MTV Brasil? Deixa eu beijar as suas mãos! hahahaha É hilário, mas eu não to nem ai! Esse negocio de fama é muito pequeno, o que vale é o que temos dentro de nós. Não me tornei especial só porque apareci na TV, amanhã ou depois eu posso estar na pior e essa exposição não vai me dar banho nem trocar as minhas fraldas, entende? Alguns dos melhores momentos da minha vida, passei com pessoas que talvez eu nem lembre o nome, mas marcaram a minha vida!

Definitivamente o bom mesmo é curtir tudo o que esta rolando. É o baile da vida! Deixe acontecer… Aproveitar bem tudo o que esta surgindo e ser o melhor que você puder sempre!

Não sei se estou conseguindo passar para vocês, mas num mochilão dessas proporções você vê e aprende tanta coisa que é impossivel voltar para casa do mesmo jeito que saiu. Parece que você levou uma overdose de vida!

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Eber Guni do Nascimento Santos

Eber Guni do Nascimento Santos

São muitas aventuras do Mochileiro e Viajante Eber pelo mundo. Desbravando a América do Sul e a Europa com vivências inspiradoras registradas aqui.

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