Em outubro, entrevistamos a Gaía Passarelli, mais nova Viajante CI, sobre a visita que ela estava prestes a fazer para o Reino Unido com o objetivo de fazer dois cursos e, é claro, passear por lá. Agora que já voltou, a apresentadora do MTV1 nos conta o que fez e o que viu nos 30 dias de permanência na Velha Albion. Vamos à entrevista!
Como foram os dois cursos que você ia fazer, ‘blogging no Guardian e news reporting na Saint Martens?
Bem mais ou menos, na verdade. O curso do Guardian acabou sendo dois dias do autor falando sobre como podemos fazer um blog no mesmo formato dele, sem em nenhum momento aprofundar a discussão de como os blogs estão estabelecidos como mídia, por exemplo. O curso da Saint Martens foi cancelado quatro dias antes de eu embarcar e eu acabei optando por outro na mesma época que não não tinha muito a ver comigo.
Esse ano você tirou um certificado de fluência em inglês britânico e se dedicou a melhorar a escrita, em inglês e em português. Deu tempo de se aprimorar nisso tudo?
Deu. Acho que a coisa mais importante da viagem foi a experiência de passar um mês fora, sozinha, me virando em outra língua e caçando coisas sobre o que escrever – o que em Londres não é nem um pouco difícil. Mas sobre o inglês: ter que lidar com sotaques que variam entre o inglês da Escócia e o inglês-paquistanês falado em boa parte do leste de Londres foi um exercício e tanto.
Conseguiu visitar a London School os Journalism, na qual você estuda jornalismo online?
Sim, mas não tem nada pra ver lá quando não tá tendo aula pq os cursos são principalmente online. Turmas acontecem mais no verão – há salas e a estrutura de uma escola pequena, mas quando não há cursos acontecendo localmente, não tem nada acontecendo.
E a viagem de trem de Fort William a Mallaig, no norte da Escócia, uma das viagens de trem mais belas do mundo? Como foi?
Linda *de morrer*. No dia até dei sorte pq abriu sol, coisa bem rara no mês que eu passei lá. A Escócia é um país lindo, mas essa parte do país é especialmente mágica, cheia de lagos e montanhas. O povo é muito simpático, a comida é uma delícia e tem um monte de coisas pra fazer. A única recomendação seria ir no verão. A semana que eu passei nas Highlands (terceira semana de outubro) é a última semana da temporada – depois disso tudo fecha para o inverno, menos o centro de esqui no topo do Ben Nevis, que é a montanha mais alta do Reino Unido e onde você chega partir de Fort William. Há muitos castelos pra visitar também, desde ruínas até locais reformados e transformados em hospedagem de luxo. Fiquei com muita vontade de voltar ano que vem.
E a estadia no “Hotel dos Beatles”?
Tem que entrar na viagem 🙂 Os Beatles são super explorados em Liverpool como atração turística – segundo um taxista, “se o Paul Mcartney atravessasse a rua aqui ninguém ia saber quem é”. O hotel é excelente, confortável, com ótima localização. Tudo que você pode querer de um hotel de luxo mais a trilha-sonora dos Beatles pelas áreas comuns. Há pequenos detalhes como nomes de música nos cartões de pendurar na porta, mas tirando as fotos no saguão principal, no geral a presença-Beatle no hotel é bastante sutil.
O que você trouxe dessa vez? Fale dos objetos, presentes, souvenirs, livros, discos, novidades, enfim, tudo que encontrou por lá e quis trazer com você.
Muitos discos de vinil e livros. É oq eu mais compro quando viajo e é um problema pq pesa. Tive que comprar roupa de frio, nada difícil de achar em qualquer magazine grande tipo Top Shop, H&M e etcs – mas eu não gosto dessas lojas e achei tudo oq eu precisava gastando menos em brechós e feiras de rua. É como eu gosto de fazer compras. Eu também sempre trago lembranças, daquelas de restaurante de beira de estrada, que eu faço coleção. (tem fotos em anexo!)
Você foi estudar e ficar sozinha um pouco. Conte um pouco como foi essa experiência, e se curtiu. Pretende repeti-la?
Gostei demais de conhecer outra Londres, usando mais ônibus que metrô e participando mais do dia-a-dia da cidade que, mesmo no outono, tem muitos mercados de rua (de comida, de livros, de discos, de roupas, de flores, de antiguidades). A vizinhança onde eu estava no leste, é ao lado de Hackney é chama Bethnal Green, ocupada principalmente por gente de Bangladesh, chamada carinhosamente de Bangla-Town. As comidas, as roupas dos homens e das mulheres, os produtos vendidos nas ruas – não parece com nada que a gente tem aqui. Repetir, claro que gostaria, mas é bem difícil conseguir um mês fora do trabalho pra estudar e espairecer. Então, sendo realista, num prazo curto não acho que vou repetir, não.
O que mais você gostaria de contar sobre essa viagem? Algo que aprendeu, alguma experiência que viveu, alguma coisa curiosa que observou?
Tem duas festas que o Reino Unido leva bem a sério durante outono. Uma é o Halloween, que lá faz parte da tradição. Em Londres não existe mais das crianças saírem sozinhas às ruas para pedir doces para estranhos, mas as escolas fazem isso com os pequenos, em grupos. Muita gente sai fantasiada nas ruas, é bem divertido. E a outra é a Bonfire Night, que, num resumo muito rápido, lembra o episódio em que o plano para explodir o Parlamento Britânico e assassinar o Rei foi descoberto antes de acontecer e o responsável foi pego, torturado e morto. É no cinco de novembro mas durante o fim-de-semana já havia queima de fogos de artifício em toda a cidade. (leia mais pra entender o que é a data aqui http://en.wikipedia.org/wiki/Guy_Fawkes_Night). No domingo, um dia antes de voltar, rui surpreendida por uma queima de fogos linda no “meu” bairro, Bethnal Green.
Obrigado pela entrevista! Quais são seus planos agora, pro trabalho e pra vida?
Continuar escrevendo, que é o que eu gosto de fazer.
Obrigada.
=)