Vivendo e aprendendo, inclusive com a morte. Assim é a vida.
Esta semana o blog teve a oportunidade de acompanhar o funeral de um monge budista, em Chiang Mai, no Norte da Tailândia.
Foi coincidência, na verdade, porque o cortejo estava passando em frente ao hostel onde estou hospedado, mas deu para ficar sabendo um pouco mais sobre o próprio budismo e a vida de um monge.
Passava das 13h e tudo começou com uma série de estrondos, tipo fogos de artifício, que vinham da rua. Fui correndo ver o que era (jornalista, né?) De repente, me deparei com uma enorme passeata. Pensei que era alguma manifestação, mas não.
Prontamente busquei saber, então, do que se tratava. Perguntei às pessoas ao meu redor, que também haviam parado para acompanhar a movimentação. Na terceira tentativa, surgiu um tailandês falando inglês. “Monk funeral”, disse ele sem titubear. Ou, funeral de um monge. Opa, pensei comigo, está aí algo interessante. Fiz silêncio em respeito ao acontecimento, aguardei alguns segundos e puxei o celular para registrar o momento.
A procissão era longa, quase cinco quadras repletas de pessoas caminhando lado a lado em fila indiana vestindo roupas, em sua maioria, pretas e brancas. Alguns monges – com sua tradicional veste laranja – engrossavam o corredor humano. Muitos dos presentes ainda empunhavam sombrinhas para se proteger do sol escaldante do horário.
Quase no fim da fila, se destacava um tipo diferente de caixão, conduzido numa espécie de pedestal e envolto com flores, grinalda, velas e incenso. Bonito mesmo – tipo as alegorias do Joãozinho Trinta, só que em tamanho menor. “The body is in there” (o corpo está lá dentro), indicou o tailandês ao meu lado. Agradeci. E mais um click.
Quando tudo aquilo passou, vim para a internet, e Mr. Google me levou por caminhos até então desconhecidos. Vou tentar resumir a representação do funeral aqui pra vocês.
Morte, cremação e renascimento
Os ritos de um funeral budista são os mais elaborados de todas as cerimônias do ciclo de vida dos monges. Eles traduzem um ensinamento básico do budismo: a existência é, também, sofrimento, seja no nascimento, cotidiano, velhice e na morte.
Os serviços fúnebres são todos confiados aos monges, sendo que a tradição é de que os corpos sejam cremados (o próprio Buda teria sido cremado). No entanto, até chegar a este estágio (o da cremação), o corpo do falecido passa por inúmeros rituais – com a expectativa de maximizar os méritos alcançados. Entre estes atos, que incluem derramar água sobre a mão do falecido, estão a recitação de textos sagrados e a doação de pequenas quantias em dinheiro aos monges que presidem a cerimônia (isso vale para os funerais comuns também).
A ideia de que a morte é sofrimento é aliviada pelo conhecimento de que ela é universal, o que faz com que a tristeza seja (relativamente) deixada de lado. Afinal, ao falecido há a esperança de alcançar o Nirvana. Entre a grande maioria existe também a expectativa de renascimento “neste mundo”, no céu de Indra ou em algum outro, ou em outro plano de existência, possivelmente como um espírito.
Matakabhatta de mataka (aquele que está morto) é o nome da comida oferecida ao defunto. Em regra, espera-se três dias para que o corpo seja cremado, período no qual amigos e vizinhos se reúnem para assistir aos serviços fúnebres e, olha que interessante, jogar cartas, dominós e festejar a passagem do falecido – que, em tese, foi “desta para melhor”.
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