O relógio do tempo, geralmente inexorável, parece ter parado nas cerca de 15 mil ruelas que preenchem os 4 bairros da medina (cidade antiga) de Fez, no Marrocos. No entanto, basta sair das pequenas ruas do histórico local para contemplar a Fez moderna que traz, em sua região central, ares de prosperidade.
O paradoxo entre a Fez “velha”, que tem mais de 1,2 mil anos, e a “nova” Fez empresta um charme a mais a cidade. Especialmente na medina, cada canto traz um encanto oferecendo a oportunidade para que o visitante explore e se perca numa infinidade de cheiros, descobertas culturais e diferentes olhares sobre a essência das coisas.
Alguns números da antiga capital do império, aliás, são impressionantes:
- A cidade tem 2 mil fontes de água
- 300 mesquitas
- 2 milhões se habitantes (dos quais, 40% são classificados como artesãos)
Saiba mais
- A composição das regiões da medina de Fez contempla os bairros Europeu, onde vivem os estrangeiros; o bairro Judeu, a Medina da Parte Alta e a Medina da Parte Baixa (sendo que nos dois últimos residem apenas marroquinos).
- A área da medina – chamada de Fez El-Bali (Fez, a Velha) – é patrimônio da Unesco desde 1981. Lá podem ser encontrados centenas de produtos, com destaque para a produção artesanal local.
- O transporte de produtos dentro da medina é feito por burros, que se misturam aos pedestres pedindo passagem.
- Para nós, ocidentais, outro fato que chama a atenção é que, por exemplo, se você quer comprar um frango – terá o direito de escolhê-lo vivo, para logo em seguida vê-lo ser morto à sua frente.
- Para muitos brasileiros/noveleiros mais antigos, vale a pena lembrar: “O Clone” teve diversos capítulos gravados em Fez.

Atrações em Fez
Além da visita à medina, que pode durar um dia inteiro, a cidade traz outras atrações bem legais, como por exemplo o Palácio Real – construído no século XIV, e que até hoje hospeda o rei em sua passagem por aqui.
Falando em local histórico, a cidade é a sede da Universidade de al Karaouiyne, a universidade mais antiga do mundo, fundada em 859 d.C por uma mulher (mas que só pode ser frequentada por homens), e foi um dos maiores centros educacionais do mundo antigo. Funciona até hoje como universidade e escola corânica, além de possuir uma mesquita. A entrada, porém, é proibida a não muçulmanos.
Outro passeio interessante pode ser uma visita a uma fábrica de couro para ver o curtume, que, apesar do mal cheiro, é uma importante fonte de renda para quase mil famílias que lá trabalham diariamente. Entender o processo, aliás, é enriquecedor: o primeiro passo é colocar o couro na amônia com cocô de pombo, o que faz com que o couro fique mais suave e macio, o segundo é a lavagem, depois tingimento com cores naturais, como o açafrão (amarelo), menta (verde), cedro (marrom). Depois, para quem gosta, chega a hora das compras.
Por fim, a Bab Bou Jeloud – que é a entrada principal da Medina de Fez el-Bali – também merece uma selfie, pois, o portão construído em 1913 é composto por três arcos de ferradura – de um lado azul, que é a cor da cidade, e do outro lado verde, que significa paz.



