Indo além do que esperam de você…

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Passar pelo serviço de imigração é emocionante, principalmente se você não está mentindo acerca das suas intenções. Pois bem, chegou a hora passar por esse processo novamente! Receber mais um carimbo no passaporte! Chegou a hora de ir para a Republica da Irlanda.

Alguns anos atrás eu vi um panfleto numa feira de turismo que falava sobre a Irlanda. Confesso para vocês que pensei comigo mesmo que eu nunca conheceria esse pais. Parecia tão inacreditável conseguir chegar lá, que eu não me sentia capaz de fazer isso. A verdade é que eu sentia um frio na barriga só de me imaginar sendo humilhado por pessoas do ‘primeiro mundo’, já que o meu inglês não era (a ainda não é) tão bom assim e pelo fato de eu ser de um país em desenvolvimento (terceiro mundo, latino, sei lá quais são as expressões). Creio que algumas pessoas podem estar pensando o mesmo agora. Talvez você pense que eu sou um filhinho-de-papai, que eu estudo inglês desde o berçário, que eu tenha dinheiro pra fazer o que bem entendo, mas a verdade é que teoricamente eu não teria condições de fazer nada disso que já fiz ate hoje…

Nasci em Recife e fui para São Paulo com a minha mãe e irmã quando eu tinha 5 anos. Meus pais se divorciaram e passamos poucas e boas lutando para manter o sorriso no rosto apesar das dificuldades. Ah, aconteça o que acontecer, nunca deixe que tirem o sorriso do seu rosto! Na época, minha irmã e eu dependíamos totalmente da nossa mãe. Sempre estudei em escolas públicas e não tinha dinheiro nem pra comprar um caixa de lápis de cor quando estava na primário. Meu sotaque sempre foi sinônimo de gozação nos meus primeiros anos de escola e eu acabei me isolando um pouco apesar de adorar conversar com as pessoas. Eu me sentia uma formiguinha na nova cidade. Fui mudando com o passar do tempo…

Comecei a trabalhar com 12 anos em uma barraca de doces e lanches na 25 de Março. Eu precisava começar a ajudar a minha mãe de alguma forma. Na época acho que recebia 40 reais por mês o que pra mim era uma fortuna!!! Já tinha 14 anos, quando passei no vestibulinho e fiz SENAI. Logo no inicio do segundo semestre fui contratado como estagiário pela atual empresa na qual estou trabalhando há 8 anos.

Isso é só um minúsculo pedaço da minha historia. Não gosto muito de falar sobre isso, pois não quero parecer o coitadinho. Sei que foi graças a tudo o que passei que encaro a vida da forma como encaro hoje. Também sei que tem pessoas em situações bem piores, mas talvez esse breve relato possa te encorajar de alguma forma, não só a viajar pelo mundo, mas também para acreditar que podemos escolher mudar certas sentenças na nossa vida. Teoricamente eu estava sentenciado a trabalhar o resto da minha vida somente para sobreviver, vivendo tudo aquilo que se espera de um garoto sem pai e que sempre estudou em escolas publicas, mas escolhi viver uma vida com propósitos e estou lutando por isso!

Então, hoje estou aqui na Republica da Irlanda (o pais do panfleto) e confesso que todas essas memórias me fizeram crer que ainda tem muita coisa pra acontecer daqui para frente…

Saí do Reino Unido pelo País de Gales (Holyhead). Tomei um ferry boat para Dublin e sentei sozinho numa mesa com 4 cadeiras. A viagem, seria de aproximadamente 2 horas e meia e eu não tinha nenhum guia da Irlanda para ficar lendo. Decidi ouvir uma música, foi quando um casal de jovens tomou a mesa ao lado da minha, a garota sorriu para mim, não sei exatamente por quê. Senti que eles eram amistosos e decidi conversar com eles, já que eu não estava no clima para ficar ouvindo musica e olhando para as paredes.

Não lembro se já conversei com americanos antes, mais logo eles se tornaram uma das melhores companhias da viagem. A garota se chama Ashley e o irmão dela é o Kris. São muito animados! O Kris me mostrou as fotos da viagem deles ate agora e eu fiquei impressionado com a criatividade dele. Creio que a forma que uma pessoa tira fotos revela um pouco sobre quem ela realmente é! As fotos dele eram as mais inusitadas que já vi. Pra vocês terem uma idéia ele tira foto de tudo (talvez por ser o primeiro mochilão) e sempre tem alguma explicação impressionante sobre o significado da foto. Demos altas gargalhadas vendo aquelas fotos.

A Ashley é inteligente e muito educada, conversamos sobre o Brasil e a visão deles em relação aos sul americanos. Somos todos seres humanos! Alem disso, eles ainda disseram que estavam orgulhosos de ter conhecido um brasileiro e que o próximo mochilão vai ser pelo Brasil! Olha eu dando uma de agente de turismo! hahaha

Essa era a primeira vez que eles estavam viajando fora dos Estados Unidos, mas seria por pouco tempo, só duas semanas. Quando chegamos no centro de informações turísticas, pegamos mapas e fomos para o hostel. Ah ficamos em albergues diferentes, mas próximos. Eles me propuseram fazer alguma coisa juntos no dia seguinte, então combinamos de nos reencontrar às 5 horas da tarde no centro de informações turísticas.

Quando cheguei no albergue, percebi que estava num point de brasileiros! Já fui ouvindo um bom português de longe. Até conheci um carinha que tinha comprado a passagem pela CI, ele me disse que soube do concurso, mas não participou por pensar que era armação. Eu falei para ele que também pensava, mas arrisquei e agora estava aqui bem na frente dele! hahaha

Cai na cama e acordei hoje para rodar pela cidade! Dublin é uma cidade muito parecida com São Paulo, não tão limpa quanto Londres, mas abarrotada de gente no centro. E incrível como algumas lojas são muito caras e outras muito baratas, é estranho, você só descobre pesquisando.

Aqui eles também tem tipo de metrô-ônibus na rua. É tipo um bondinho moderno. Alguns semáforos tem um cronômetro, então você pode ver se o sinal vai demorar para abrir ou não. Sempre tem um congestionamento pequeno nas nas ruas e algumas lojas ficam abertas 24 horas.

Fui à biblioteca nacional, onde fiquei sabendo que tinha exposições legais. Acabei tendo a honra de ver uma exposição sobre religiões, as principais (budismo, cristianismo, islamismo…). Foi de arrepiar quando vi alguns dos pedaços dos pergaminhos dos 4 evangelhos e do Apocalipse. A exposição tava bem completa, deu para conhecer muitas coisas das outras religiões. Tinham fotos, artigos e vídeos explicando tudo.

Depois fui a Trunity College, famosa por abrigar o Livro de Kells. O livro contém os 4 evangelhos e destaca-se por ser um impressionante trabalho manual, tudo feito com muita arte e capricho, se não me engano, algumas letras foram feitas com tinta de ouro e o livro é cheio de iluminuras (trechos enfeitados com gravuras nas margens).

Como ouvi dizer que aqui tem belos parques, resolvi almoçar no St Stephens Green, realmente muito bonito. Andando por lá encontrei uma estátua representando o período da grande fome e aproveitei para conversar com uma irlandesa sobre o monumento, ela me explicou um pouco sobre esse período e como ele era tão doloroso para os irlandeses. O fato não foi só a fome em si, mas a grande humilhação pela qual eles tiveram que passar para sobreviver. Muitos deixaram a Irlanda indo para outras partes do mundo a bordo de navios-caixões, assim denominados por ser a morada final de muitos desesperados e famintos.

Ela me orientou a chegar no outro monumento que citei num dos posts antes da viagem, lembram? Um monumento de pessoas esqueléticas carregando uma trouxa de roupa nas mãos em direção ao porto. Pois é, cheguei lá! É um monumento muito forte! principalmente a estatua do pai carregando o filho quase morto nas costas.

Tem uma placa canadense no chão, agradecendo a todos os irlandeses que fugindo da fome, ajudaram a construir o Canadá que vemos hoje.

No horário combinado reencontrei os meus amigos americanos e fomos ao teatro, compramos ingressos e fomos jantar num restaurante próximo. Como ainda faltava um tempo para a peca, resolvemos andar pelas ruas de Dublin e fizemos altas palhaçadas! Tiramos fotos andando com um chapéu irlandês enorme pelas ruas. O pessoal ficava rindo, e nos divertimos bastante atravessando as pelas ruas correndo como loucos! hahahaha

Choramos de rir e quase perdemos a hora do teatro, voltamos correndo antes que fechasse. A peça foi legal, mas eu dei varias pescadas quase dormindo. Era um baita drama sobre a caca às bruxas de Salem, todo mundo era suspeito e qualquer coisa que você dissesse poderia ser interpretada como sinal de bruxaria. Fogueira na galera!

A Ashley também deu umas pescadas e saímos do teatro arrasados de sono, acho que foi porque corremos demais pelas ruas…

Ah, a Ashley e o Kris vão ajudar a selecionar o melhor nome para o pequeno mascote! Você já enviou o seu?

Galeria de fotos:

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Eber Guni do Nascimento Santos

Eber Guni do Nascimento Santos

São muitas aventuras do Mochileiro e Viajante Eber pelo mundo. Desbravando a América do Sul e a Europa com vivências inspiradoras registradas aqui.

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