Acostumar com rotinas, mesmo no Brasil é algo muito complexo que se possa explicar. Agora, imagina isso em outro país, em outra língua e em outras circunstâncias: isso é o que está acontecendo comigo.
Logo na primeira semana, como eu ainda estava de férias, a minha host family me mostrou uma parte da minha cidade de 800 habitantes além de me levar pra tudo e quanto é lugar da cidade, e admito que é bem grande só prum numero pequeno de pessoas: uma sorveteria/padaria, supermercado, escola infantil, loja de artesanato, antiquário, dois barzinhos, uma lanchonete, complexo esportivo, caixa eletrônico, creche, quadra de futebol… Tá bom ou quer mais? Fiquei muito feliz que não preciso sair da cidade pra fazer qualquer coisinha, SÓ PRA ESTUDAR.
Aí vem a pior parte. Eu vim de São Paulo, uma cidade muito grande onde eu fiquei mal acostumada com ônibus e metrô descobri que preciso pedalar contra vento, chuva e afins pra chegar até a minha escolinha. São 12 km de ida e 12 km de volta. Você consegue fazer isso em vinte minutos depois de dois meses morando aqui, mas vou admitir que essa foi a pior parte da minha adaptação.
Depois vem a comida. Os holandeses se viram bem com uma só refeição quente por dia, enquanto eu sobrevivo com almoço e janta. Essa foi a pior parte: comer pão duas vezes por dia, no almoço e na janta me faz sentir como se eu estivesse desobedecendo a minha mãe, já que ela diz que “pão não é comida!”, o que ela muito se engana.
A dieta do pão me fez ganhar três quilos e meio só no primeiro mês, porque pão não me alimenta completamente então eu como quase toda a hora pra suprir minha fome. Mas isso acontece com todo o mundo que se acostuma com algo novo, né? Eu me preocupo muito pouco com isso, porque se eu vejo algo novo por aqui, eu VOU comer e eu VOU gostar, não importa o que meu corpo diga.
De qualquer modo, o assunto comida não é a pior coisa do mundo: minha mãe sempre faz alguma coisinha a mais pra mim porque ela sabe como eu me sinto por aqui e QUALQUER comida que eu sinto falta, ela faz questão de fazer pra mim, como arroz, feijão e teve dia que ela até comprou pão francês pra mim! Detalhe: ela sempre faz mousse de maçã pra mim e esse já virou minha sobremesa eleita.
Com o passar dos dias, apesar das dificuldades, as coisas vão ficando mais leves e mais fáceis. Depois de dois meses eu já não sinto tanta fome e já tenho minhas comidas preferidas, a bicicleta virou a minha melhor amiga e eu consigo me virar muito bem no meu holandês capenga. É, a gente pena muito pra falar holandês, e sempre quando eu tento impressionar alguém da minha família com meu holandês sempre sai alguma coisa estranha, como por exemplo, já disse que o “sol faz cocô” no lugar de dizer que ele brilha, e por aí vai…
Mas essa só é a minha rotina da semana. No final de semana eu sempre saio com minha irmã e/ou meu irmão, quando vamos ao bar da cidade ou saimor pra dançar, é bem divertido! Também, com uma agitação dessa na semana eu tenho que me contentar com alguma coisa, porque ninguém é de ferro, né?
Nas fotos: eu e minha host mom, sorvete de laranja, e a placa da minha cidade.
Próximo post: personagens da minha história + minha viagem à Paris!!